Projetos em destaque são influenciados pelo que escrevemos.


Das Câmeras de Placa às Weeklies Digitais
Seção 1: A Era da Película e os Primórdios do Vídeo (1900-1980)
No início do século XX, as câmeras de placa predominavam em reportagens, exigindo longos tempos de preparação e revelação laboratorial. Cada captura dependia da troca manual da placa fotográfica, interrompendo o fluxo das coberturas jornalísticas. A lentidão do processo limitava a frequência de registros e a capacidade de reação a acontecimentos imprevistos. Assim, as câmeras de grande formato eram reservadas a fotos estáticas e entrevistas planejadas.
Com o advento das filmadoras de rolo nos anos 1920, surgiu a possibilidade de capturar sequências em movimento, mas ainda em película, com custos e atrasos significativos. Jornalistas precisavam enviar latas de filme às redações para revelação, criando um intervalo de horas entre captação e exibição. As transmissões ao vivo eram raras e dependiam de sinal de micro-ondas ou cabos dedicados. Mesmo assim, o poder narrativo do movimento impulsionou documentários e noticiários visuais.
Seção 2: A Revolução Eletrônica e a Chegada do ENG (1980-2000)
Nos anos 1980, a popularização da videotape e dos videocassetes trouxe relativa mobilidade, mas exigia equipamentos volumosos e fitas caras. Equipamentos ENG (Electronic News Gathering) permitiram coberturas externas com menor equipe, mas a edição ainda era demorada. A redução do peso das câmeras possibilitou transmissões ao vivo via satélite, mas o workflow continuava linear: filmar, editar, enviar ao ar.
A virada digital nas décadas seguintes eliminou a necessidade de película e fitas físicas. Câmeras CCD e, depois, CMOS integradas a gravadores digitais permitiram capturar, revisar e recomeçar quase instantaneamente. Em 1998, a Sony lançou a DCR-VX1000, primeira câmera miniDV a popularizar o formato digital. “Era como trocar uma carroça por um foguete”, brincou o repórter Carlos Mendes, que cobriu a queda do Muro de Berlim com uma Betacam de 15 kg.
Seção 3: O Século XXI e a Democratização do Conteúdo (2000-2020)
Os anos 2000 trouxeram câmeras DSLR com gravação em Full HD, como a Canon 5D Mark II (2008), que permitiram cinegrafistas independentes competir com redes tradicionais. Jornalistas começaram a usar smartphones em zonas de conflito — em 2010, o iPhone 4 filmou protestos da Primavera Árabe com qualidade aceitável para TV.
A transmissão ao vivo via internet, impulsionada pelo Facebook Live (2016) e YouTube, quebrou o monopólio das emissoras. Em 2014, a Globo usou drones para cobrir a Copa do Mundo, enquanto repórteres da BBC transmitiam da Síria via 4G. A edição em nuvem, com softwares como Adobe Premiere Pro, reduziu a dependência de estúdios físicos. “Hoje, uma mochila tem todo o estúdio que um jornalista precisa”, disse a editora Fernanda Torres.
Seção 4: IA, 8K e o Futuro do Jornalismo Imersivo (2020-2030)
Na década de 2020, a inteligência artificial entrou nas redações. Ferramentas como o Descript editam vídeos automaticamente, enquanto algoritmos geram legendas em tempo real. Câmeras 8K, como a Sony FX6, permitem recortes sem perda de qualidade — útil para ajustar enquadramentos after shooting.
A realidade virtual e os óculos AR (como o Apple Vision Pro) prometem reportagens imersivas. Em 2023, a CNN transmitiu um protesto em Hong Kong em 360°, onde espectadores “andavam” pela multidão. Mas há riscos: a IA deepfake já criou discursos falsos de políticos, exigindo checagem tripla. “A tecnologia avança, mas o desafio é manter a ética no mesmo ritmo”, alertou o ombudsman do New York Times.